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"A Sibila"

  • Foto do escritor: Ana Branco
    Ana Branco
  • 14 de out.
  • 2 min de leitura
A Sibila

«É esta a mais grandiosa história dos homens, a de tudo o que estremece, sonha, espera e tenta, sob a carapaça da sua consciência, sob a pele, sob os nervos, sob os dias felizes e monótonos, os desejos concretos, a banalidade que escorre das suas vidas, os seus crimes e as suas redenções, as suas vítimas e os seus algozes, a concordância dos seus sentidos com a sua moral. Tudo o que vivemos nos faz inimigos, estranhos, incapazes de fraternidade. Mas o que fica irrealizado, sombrio, vencido, dentro da alma mais mesquinha e apagada, é o bastante para irmanar esta semente humana cujos triunfos mais maravilhosos jamais se igualam com o que, em nós mesmos, ficará para sempre renúncia, desespero e vaga vibração.»


No norte de Portugal, em finais do século XIX, na propriedade da Vessada, há já muito tempo que são as mulheres que, perante a indolência e os sonhos de evasão que os homens alimentam, asseguram como podem a gestão da propriedade. Quina era uma adolescente franzina e inculta, que desde cedo participava nos trabalhos do campo ao lado dos trabalhadores. Com a morte do pai, com a propriedade quase em abandono, Quina passa a ter que ter uma ainda maior responsabilidade na administração da mesma. Graças ao seu esforço a todos os níveis, começa a acumular de novo a riqueza que seu pai desperdiçara, o que lhe vale a admiração da sociedade. Quina era uma pessoa lúcida, astuta e sempre em demandas, o que faz com que esta se torne conhecida por Sibila…


O romance “A Sibila” foi concluído no dia 16 de Janeiro de 1953 e logo depois apresentado ao Prémio de romance Delfim Guimarães, instituído pela Guimarães Editores, que lhe foi atribuído. Foi publicado pela primeira vez, logo depois, em 1954.


Agustina Bessa-Luís nasceu a 15 de Outubro. “Mundo Fechado” (1949) foi o seu romance de estreia, mas foi “A Sibila” (1954), obra com que atingiu a maturidade do seu processo criativo, que recebeu o reconhecimento do público e da crítica. A sua extensa produção literária, que inclui mais de cinquenta obras, entre romances, contos, peças de teatro, biografias romanceadas, crónicas de viagem, ensaios e livros infantis, foi traduzida para alemão, castelhano, dinamarquês, francês, grego, italiano e romeno.


A herança de um dos grandes expoentes da escola romântica, Camilo Castelo Branco, faz-se sentir na sua obra, quer a nível temático, quer a nível da técnica narrativa, o que associa Agustina Bessa-Luís à corrente neorromântica.


Vários romances da sua autoria foram adaptados ao cinema pelo realizador Manoel de Oliveira, com quem manteve uma estreita relação de amizade: “Francisca” (1981) é baseado na sua obra “Fanny Owen”; “Vale Abraão”, na obra homónima (1993); “O Convento” (1995), é baseado em “As Terras do Risco”, entre outros. Escreveu também peças de teatro e guiões para televisão, tendo o seu romance “As Fúrias” sido adaptado para teatro e encenado por Filipe La Féria (1995).


Além de ter recebido variados prémios literários, recebeu o título de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1981) e, mais tarde, de Grã-Cruz da mesma Ordem (2006). Morreu no dia 3 de Junho de 2019, no Porto, aos 96 anos.

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