top of page

Centenário do nascimento de Alexandre O’Neill

  • Foto do escritor: Ana Branco
    Ana Branco
  • 19 de dez. de 2024
  • 2 min de leitura

Alexandre Manuel Vahia de Castro O'Neill de Bulhões, nasceu em Lisboa 19 de Dezembro de 1924. De origem irlandesa, O’Neill, foi nas palavras de Batista Bastos, além de “o mais generoso dos amigos, o mais felino dos sarcastas”, um homem de múltiplas paixões, que fez na vida, e da vida, tudo o que lhe apetecera sem arrependimentos.


Alexandre O’Neill foi um dos fundadores do Grupo Surrealista de Lisboa (1947-1951) conjuntamente com Mário Cesariny, António Pedro, António Domingues, Marcelino Vespeira e José-Augusto França. O seu primeiro livro “A Ampola Miraculosa” que integrava a coleção Cadernos Surrealistas foi publicado em 1948, sendo considerado uma referência do surrealismo português.


De entre as suas obras poéticas destacam-se: “No reino da Dinamarca” (1958), “De Ombro na Ombreira” (1969) ou “Entre a Cortina e a Vidraça” (1972). Foi também autor do conhecido poema “A Gaivota”, de 1969, interpretado por Amália Rodrigues, a pedido de Alain Oulman.


O’Neill escrevia poesia, mas vivia principalmente da sua actividade publicitária, ficou célebre a frase “Há mar e mar, há ir e voltar”, criada nos anos 80, para prevenir a segurança nas praias. Escreveu também prosa, - “As Andorinhas não Têm Restaurante” (1970) e “Uma Coisa em Forma de Assim” (1985) - , crónicas para jornais, algumas sob pseudónimo (A. Jazente), organizou diversas antologias de poesia de vários autores e fez também algumas traduções.



Auto-Retrato


O'Neill (Alexandre), moreno português,

cabelo asa de corvo; da angústia da cara,

nariguete que sobrepuja de través

a ferida desdenhosa e não cicatrizada.

Se a visagem de tal sujeito é o que vês

(omita-se o olho triste e a testa iluminada)

o retrato moral também tem os seus quês

(aqui, uma pequena frase censurada...)

No amor? No amor crê (ou não fosse ele O'Neill!)

e tem a veleidade de o saber fazer

(pois amor não há feito) das maneiras mil

que são a semovente estátua do prazer.

Mas sofre de ternura, bebe de mais e ri-se

do que neste soneto sobre si mesmo disse...


in "Poemas com Endereço"

Mais para ler

© 2024 - 2025 Alegoria do Nada por Ana Branco. Alojamento Wix.com

  • Instagram
  • Facebook
  • Bsky
bottom of page