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"De Súbito em Abril"

  • Foto do escritor: Ana Branco
    Ana Branco
  • 25 de abr. de 2024
  • 1 min de leitura
De Súbito em Abril

26 de Abril de 1974

Hora 18.00


Em telegrama, um editorial da «República»


Sensação estranha a de quem foi obrigado a pautar a sua expressão pelos condicionamentos mais variados, nunca as suas palavras brotando só do seu pensamento, mas de alheias conveniências ou imposições, e, de um momento para outro, vê desfazerem-se-lhe as grades.

(…)

O homem vale sobretudo pelo pensamento e o carácter das pessoas pela sua frontalidade. Com mais ou menos clareza se manifestam e as relações comuns firmam-se conforme afinidades que encontramos. Obrigar os homens a disfarçar o pensamento, impedi-los de o manifestar, emudecê-los é impedi-los de se conhecerem e estimarem. É como se todos puséssemos uma máscara, retratando as pessoas não com o rosto que é o delas, mas com figuras de careto utilizadas no carnaval, feito pelo molde desejado. Criar-se-ia desta forma uma sociedade mascarada, artificial, onde sob um sorriso se pode ocultar a traição, ou sob os traços mais vincados a maior das fraquezas. E pode chegar-se ao requinte de só um molde ser consentido e se criar a maior das monotonias ambientes e a maior das anemias do pensamento. É que à força de não poderem exprimir-se, deixam os homens de pensar.

(…)

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