Expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa
- Ana Branco

- 6 de set.
- 1 min de leitura
Poeta de uma única obra, “Clepsydra”, mas das mais representativas e influentes do século XX, Camilo Pessanha, nascido neste dia, em 1867, é considerado o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa, tendo sido um precursor do movimento modernista.
Ao longo da viola morosa
Vai adormecendo a parlenda,
Sem que, amadornado, eu atenda
A lengalenga fastidiosa.
Sem que o meu coração se prenda,
Enquanto, nasal, minuciosa,
Ao longo da viola morosa,
Vai adormecendo a parlenda.
Mas que cicatriz melindrosa
Há nele, que essa viola ofenda
E faz que as asitas distenda
Numa agitação dolorosa?
Ao longo da viola, morosa...
in "Viola Chinesa"
"Clepsydra", título simbólico que se refere a um relógio antigo, de origem egípcia, que media o tempo pelo escoamento de água num recipiente graduado, é um importante testemunho do acolhimento português da poesia europeia finissecular, sobretudo o Simbolismo, articulado com a sensibilidade decadentista. É, na verdade, uma construção poética "cultivada como fragmento e representação difusa de uma realidade fugidia, a par do impulso para uma unidade remota, a consubstanciar na construção do livro". Trata-se, portanto, de uma obra que nos remete para as temáticas da efemeridade da vida, da perda, da inutilidade do que se faz ou se vive, da desistência, do receio e da ambiguidade.



















