Um dos precursores da poesia moderna
- Ana Branco

- 20 de out.
- 1 min de leitura
«Eu digo que é preciso ser visionário, fazer-se visionário. O Poeta faz-se visionário por um longo, imenso e racional desregramento de todos os sentidos. Todas as formas de amor, de sofrimento, de loucura; ele busca a si mesmo, acaba-se em todos os venenos para guardar somente a quintessência. Inefável tortura na qual necessita de toda fé, de toda força sobre-humana, onde se torna, entre todos, o grande doente, o grande criminoso, o grande maldito — e o supremo Sábio! — Pois ele chega ao desconhecido! Visto que cultivou sua alma, já rica, mais do que a de qualquer outro! Ele chega ao desconhecido e quando, enlouquecido, acabaria por perder a inteligência de suas visões, ele as vê! Que ele se arrebente no seu sobressalto pelas coisas inauditas e inomináveis: virão outros trabalhadores horríveis; eles começarão pelos horizontes onde o outro se abateu.»
Fragmento da Carta de Rimbaud a Paul Deveny
Nascido a 20 de Outubro, Arthur Rimbaud exerceu grande influência na poesia do século XX. Dois anos antes de escrever “Adieu”, Rimbaud já havia anunciado o seu projecto poético nas duas cartas conhecidas como "Cartas do Vidente": a primeira, mais sintética, é destinada a Georges Izambard e está datada de 13 de Maio de 1871. A segunda, endereçada a Paul Demeny, foi escrita dois dias depois e constitui o texto mais importante para compreensão da poética rimbaudiana. Nestas Cartas, o poeta delineia a sua compreensão da relação entre tradição e inovação; entre presente, futuro e progresso.


















