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Uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX

  • Foto do escritor: Ana Branco
    Ana Branco
  • 6 de nov.
  • 2 min de leitura

“Porque”


Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros usam a virtude

Para comprar o que não tem perdão.

Porque os outros têm medo mas tu não.


Porque os outros são os túmulos caiados

Onde germina calada a podridão.

Porque os outros se calam mas tu não.


Porque os outros se compram e se vendem

E os seus gestos dão sempre dividendo.

Porque os outros são hábeis mas tu não.


Porque os outros vão à sombra dos abrigos

E tu vais de mãos dadas com os perigos.

Porque os outros calculam mas tu não.


in “Obra Poética”


O poema em que Sophia de Mello Breyner Andresen, no âmbito das injustiças e das desigualdades sociais, enaltece a coragem dos que não têm medo de serem autênticos ao defenderem aquilo em que acreditam.


Nascida a 6 de Novembro de 1919, a poetisa, escritora e tradutora, Sophia de Mello Breyner Andresen publicou os primeiros versos em 1940, nos “Cadernos de Poesia”, através dos quais conheceu Ruy Cinatti e Jorge de Sena. Foi mãe de cinco filhos - do seu casamento com o jornalista, político e advogado Francisco Sousa Tavares - para os quais começou a escrever contos infantis. Além da literatura infantil, Sophia escreveu também contos, artigos, ensaios e teatro. Traduziu para português Eurípedes, Shakespeare, Dante e Claudel, e traduziu alguns poetas portugueses para o francês.


Denunciou activamente o regime salazarista e foi ainda fundadora e membro da Comissão Nacional de Apoio aos Presos Políticos. Em 1975, após o 25 de Abril, foi eleita para a Assembleia Constituinte, pelo círculo do Porto. Defendeu também, publicamente, a independência de Timor-Leste. A sua obra está traduzida em várias línguas e foi amplamente premiada, entre outros prémios, com o Prémio Camões 1999, o Prémio Poesia Max Jacob 2001 e o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana 2003. Morreu a 2 de Julho de 2004, em Lisboa. Dez anos depois, em 2014, foram-lhe concedidas honras de Estado e os seus restos mortais foram trasladados para o Panteão Nacional.

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