Uma ideia de paz
- Ana Branco

- 15 de out.
- 1 min de leitura
Um barbeiro ferido durante a Primeira Guerra Mundial regressa a casa depois de 20 anos dentro dos muros do hospital. Encontra a sua barbearia cheia de teias de aranha e pó, mas são as grafites odiosos na vitrina que o surpreendem. Hynkel, o ditador tirânico, e os seus guarda-costas perseguem o barbeiro, assim como o resto da comunidade judaica, incluindo a bela Hannah…
A 15 de Outubro de 1940, Charlie Chaplin estreava “O Grande Ditador” em Nova York. A sátira visionária foi a primeira grande produção de Hollywood a tomar uma posição clara contra os nazistas, mesmo quando a Segunda Guerra Mundial estava em pleno andamento.
Ao travar uma guerra contra Hitler através do cinema, Chaplin estava a assumir um compromisso pessoal. Mesmo antes do início das filmagens, “O Grande Ditador” enfureceu diplomatas alemães e britânicos destacados nos Estados Unidos e colocou Chaplin na linha da frente das celebridades assediadas pela House of Un-American Activities.
Esta luta a favor de uma ideia democrática de paz era, por si só, razão suficiente para o interesse do historiador. Chaplin, porém, acrescentou aos créditos de “O Grande Ditador” a seguinte advertência; “Qualquer semelhança entre Hynkel, o Ditador, e o barbeiro judeu é mera coincidência.” Esta foi uma forma divertida de sugerir que o que realmente estava em jogo não era tanto o duplo papel de Chaplin, mas a tensão entre ele e seu irmão gémeo, o Vagabundo. Até aquele momento, o Pequeno Vagabundo transmitia uma experiência do mundo através da pantomima e, por não incorporar nenhuma identidade nacional e não falar a língua materna, tocou os corações dos espectadores em todos os lugares.


















