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Uma mistura de humor, ironia e um pouco mais

  • Foto do escritor: Ana Branco
    Ana Branco
  • 20 de set.
  • 1 min de leitura

Maurizio Cattelan é o bobo da corte do mundo da arte contemporânea. Finge continuamente sabotar as suas próprias oportunidades de sucesso e reconhecimento. Argumentando não ter ideias, certa vez fugiu de um local de exposição saltando por uma janela e descendo por um lençol amarrado. Noutro caso, o artista vendeu o espaço que lhe foi atribuído na Bienal de Veneza a uma empresa de perfumes, que colocou um anúncio do seu produto na galeria.


Em "La Rivoluzione Siamo Noi" (Nós somos a revolução), uma efígie do artista em miniatura está pendurada num cabide projetado por Marcel Breuer, vestido com o canônico fato de feltro de Joseph Beuys, que o falecido artista alemão usou durante Isolation Unit (1971). Aqui, o “mini-eu” de Cattelan ocupa uma grande galeria, de outra forma vazia, e parece encolher-se timidamente, aparentemente envergonhado por não ter mais ideias para a exposição.


Por mais divertida que seja, a identificação de Cattelan com Beuys sublinha alguns dos aspectos mais profundos da sua arte. Tal como Beuys, Cattelan usa a sua própria imagem para dar significado ao seu trabalho, e a sua afirmação perpétua “Não sou realmente um artista” é simplesmente uma inversão da declaração de Beuys de que “todo homem é um artista”. Beuys apresentou-se como um xamã, uma figura capaz de curar os males do mundo através de rituais e encantamentos. Cattelan, por outro lado, é um trapaceiro que cria problemas num mundo demasiado complacente. Mas esta dicotomia revela-se falsa. Na tradição alquímica, o personagem trapaceiro é ao mesmo tempo um xamã e um brincalhão que pode transformar-se à vontade para realizar a sua magia.



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