top of page

Descontentamento

  • Foto do escritor: Ana Branco
    Ana Branco
  • 8 de nov. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: há 7 horas

Imagem Wix

A crise do Sub-prime nos EUA em 2007, que se deveu ao elevado crédito hipotecário, gerou uma crise financeira que se agravou com a crise bancária tanto nos EUA como na Europa, originando uma crise bancária a nível global. Em Setembro de 2008 dá-se a falência de um dos principais bancos de Investimentos dos EUA, a Lehman Brothers, agravando um cenário que vinha a deteriorar-se.


A recessão económica que se instalou, uma forte queda da procura externa e um agravamento das condições de financiamento externo das empresas e famílias afectou directamente a economia portuguesa, pequena e fortemente integrada. Entre o final do ano 2008 e meados de 2009, houve uma queda acentuada dos fluxos do comércio mundial, devido à crise financeira. Esta quebra no comércio mundial refletiu-se na economia portuguesa, tanto nas exportações de diversos bens, como também na desaceleração das importações. Consequentemente o défice externo aumentou significativamente.


A recessão da economia portuguesa em 2009 foi profunda e teve como consequência uma forte queda do emprego e um aumento da taxa de desemprego para máximos históricos. Portugal tomou medidas orçamentais a médio prazo através do PEC. O Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), de Março de 2010, tinha o intuito de tentar eliminar os desequilíbrios macroeconómicos que se tinham vindo a verificar ao longo dos anos na economia portuguesa. O esforço de consolidação orçamental ao longo de 2010 revelou-se insuficiente face à magnitude do desequilíbrio orçamental, levando Portugal a recorrer à Assistência Financeira Internacional em 2011.


Por esta altura, os problemas a princípio económicos rapidamente se transformaram em problemas sociais. Surgiu a polarização vincada pelo descontentamento e um sentimento de injustiça que procurava culpados. Para além dos óbvios, os políticos, a culpa caiu nos que recebiam subsídios, por alegadamente não quererem trabalhar, a comunidade cigana.


Os anos que se seguiram à crise financeira de 2008 produziram uma onda de descontentamento político com o aumento do populismo, do conspiracionismo e do extremismo de direita em todo o mundo. Muitos destes movimentos fundiram-se em torno de questões culturais. Se é a cultura, e não a economia, o principal motor do descontentamento político, porque é que estes desenvolvimentos surgem após um colapso financeiro, um padrão que se repete ao longo da história do mundo democrático?


Em “The Age of Discontent”, Matthew Rhodes-Purdy, Rachel Navarre e Stephen Utych argumentam que as emoções nascidas das crises económicas produzem descontentamento cultural, ateando assim conflitos sobre valores e identidades, e sugerem que os Estados devem cumprir o seu papel como fornecedores de segurança social e canais para as vozes dos cidadãos, se quiserem reverter a maré de descontentamento político.

Mais para ler

© 2024 - 2025 Alegoria do Nada por Ana Branco. Alojamento Wix.com

  • Instagram
  • Facebook
  • Bsky
bottom of page