Poetizar poesia
- Ana Branco

- 21 de mar. de 2024
- 1 min de leitura
Estranha linguagem
que contempla a profundidade vazia,
arrastando-se num movimento imóvel
para um fundo sem profundidade.
Estranha linguagem
que arrasta consigo o abismo,
a partir do qual as palavras falham,
e falham de novo e ainda mais,
antes ou imediatamente antes
do domínio absoluto,
onde finalmente se liberta.
Mensagens vazias,
talvez cheias,
talvez automáticas,
talvez brancas, talvez nuvens,
talvez nada.
Palavras nobres, puras, abstractas
e talvez vazias.
Palavras que revolvem
e intensificam a desconexão,
tanto entre o nome e a coisa,
quanto entre a coisa nomeada
e o ser que nomeia.
Palavras mágicas,
impenetráveis e opacas,
que nos levam,
encontram,
e nos podem perder.



















