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Cansaço da informação

  • Foto do escritor: Ana Branco
    Ana Branco
  • 21 de jan. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 20 de nov.

No Enxame

«(…)SFI (Síndrome da Fadiga da Informação), o cansaço da informação, é a enfermidade psíquica que é causada por um excesso de informação. Os afligidos reclamam do estupor crescente das capacidades analíticas, de déficits de atenção, de inquietude generalizada ou de incapacidade de tomar responsabilidades. Em 1996 o psicólogo britânico David Lewis cunhou esse conceito. SFI se referia primeiramente àquelas pessoas que precisavam de trabalhar profissionalmente por um longo tempo uma grande quantidade de informação. Hoje todos são vítimas da SFI. A razão disso é que todos somos confrontados com quantias rapidamente crescentes de informação.


Um dos principais sintomas da SFI é o estupor das capacidades analíticas. Justamente a capacidade analítica constitui o pensamento. O excesso de informação faz com que o pensamento definhe. A faculdade analítica consiste em deixar de lado todo o material perceptivo que não é essencial ao que está em questão. Ela é, em última instância, a capacidade de distinguir o essencial do não essencial. A enxurrada de informações à qual estamos hoje entregues prejudica, evidentemente, a capacidade de reduzir as coisas ao essencial. É necessariamente própria ao pensamento, porém a negatividade da distinção da selecção. Assim, o pensamento é sempre exclusivo.


Mais informação não leva necessariamente a melhores decisões. Justamente devido à crescente massa de informação, hoje a faculdade do juízo definha. Frequentemente, menos informação gera mais. A negatividade do deixar de fora e do esquecer é produtiva. Mais informação e comunicação não esclarecem o mundo por si mesmo. A transparência não torna também [por si mesma nada] clarividente. A massa de informação não produz por si mesma nenhuma verdade. Ela não traz nenhuma luz à escuridão. Quanto mais informação é libertada, mais o mundo se torna não abrangível, fantasmagórico. A partir de um determinado ponto, a informação não é mais informativa [informativ], mas sim deformadora [deformativ], e a comunicação não é mais comunicativa, mas sim cumulativa.(…)»

Byung-Chul Han considera que a hipercomunicação digital destrói o silêncio de que a alma necessita para refletir e para ser ela própria. “(…)Hoje não somos mais destinatários e consumidores passivos de informação, mas sim remetentes e produtores activos. Não nos contentamos mais em consumir informações passivamente, mas sim queremos produzi-las e comunicá-las ativamente nós mesmos. Somos simultaneamente consumidores e produtores. Este duplo papel aumenta enormemente a quantidade de informação. (…) A informação é cumulativa e aditiva, enquanto a verdade é exclusiva e selectiva (…). Médias como blogs, Twitter ou Facebook desmediatizam [entmediatisieren] a comunicação. A sociedade de opinião e de informação de hoje apoia-se nessa comunicação desmediatizada. Todos produzem e enviam informação. A desmediatização da comunicação faz com que jornalistas, esses antigos representantes elitistas, esses “fazedores de opinião” e mesmo sacerdotes da opinião, pareçam completamente superficiais e anacrónicos. A média digital dissolve toda a classe sacerdotal. A desmediatização generalizada encerra a época da representação. Hoje, todos querem estar eles mesmos directamente presentes e apresentar a sua opinião sem intermediários (…)”.


Só se ouve o ruído sem sentido e sem coerência. “A sociedade da indignação é uma sociedade do escândalo. Ela não tem contenção, não tem compostura. A desobediência, a histeria e as rebeldias – que são características das ondas de indignação – não permitem nenhuma comunicação discreta e factual, nenhum diálogo, nenhum discurso.”

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