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"Fundamentos da Filosofia"

  • Foto do escritor: Ana Branco
    Ana Branco
  • 30 de out.
  • 2 min de leitura
Fundamentos da Filosofia

“Diz-se que ser filósofo é não dar nada como garantido. Todos os seres humanos, incluindo os filósofos, habitam o mesmo mundo — um mundo que contém estrelas, montanhas, árvores, pombas — mas os filósofos, ou pelo menos alguns deles, insistem em perguntar se tal mundo «existe realmente» e, se existe, o que, ou quem, o garante. Os sentidos nem sempre são fiáveis. Nem os nossos vizinhos, nem mesmo as autoridades mais respeitáveis. Uma vez que nem a razão nem a imaginação nos podem livrar de problemas, Deus é por vezes invocado como o garante de toda a existência. Mas se nada deve ser dado como garantido, poderíamos perguntar porque é que nada menos que o Alfa e o Ómega é dado como garantido.


Defende-se que Deus é um caso excepcional porque a sua existência é necessária. Mas este argumento é discutível e, como tudo o que não pode ser provado para além de qualquer dúvida, o que ele pressupõe não pode ser tomado como certo.”


in “Fundamentos da filosofia”. Cap.1 “Sobre Dar as Coisas Como Certas”. 1.º “O meu anfitrião, o mundo.”



A obra "Fundamentos da Filosofia" examina os principais problemas que surgem recorrentemente na história do pensamento: a natureza e a estrutura do mundo nos seus diversos níveis (físico, biológico e cultural), as possibilidades e os modos de conhecimento, as características da linguagem filosófica, e assim por diante. Ao mesmo tempo, José Ferrater Mora estabelece os fundamentos da sua própria filosofia, prestando igualmente atenção às exigências das ciências e às complexidades da vida humana e da sociedade.


Nascido a 30 de Outubro de 1912, o filósofo espanhol José Ferrater Mora defendia que, para ultrapassar as insuficiências das doutrinas filosóficas extremas, importa admitir que as “realidades efectivas” obrigam a passar de um pólo ao outro das concepções que se opõem e se exprimem por “termos-limite”. Por seu turno, os conceitos que correspondem aos “termos-límite” e apenas remetem para realidades supostamente transcendentes são insuficientes para encontrar a verdade do real, só vislumbrável se se encontrar um ponto de equilíbrio que, não sendo um terceiro termo que exclua as posições contrapostas, permita aceder ao pano de fundo a partir do qual cada uma destas toca parcialmente a verdade.

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