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Manipulação

  • Foto do escritor: Ana Branco
    Ana Branco
  • 17 de mar. de 2024
  • 2 min de leitura
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As pessoas influenciam-se umas às outras todos os dias. Algumas formas de influência, como a persuasão fundamentada, são moralmente admissíveis. Outras, como a negociação, são moralmente aceitáveis, a menos que a negociação desigual seja exploradora. Outras formas de influência, como a coerção, são vistas como moralmente inaceitáveis na maioria das circunstâncias.


Geralmente, a manipulação é um tipo de influência em que o alvo é levado a agir sem ameaças ou coerção evidentes, mas que fica aquém da persuasão. Existem muitos relatos na filosofia e na ciência política que tentam identificar o fenómeno e fornecer condições necessárias e suficientes para a manipulação. Alguns, embora não todos, baseiam-se numa concepção excessivamente idealizada da racionalidade e deliberação humanas.


A manipulação na política assume muitas formas. Consideremos um político que espalha intencionalmente informações falsas para aumentar as suas hipóteses de ganhar uma eleição – talvez rumores maliciosos sobre candidatos da oposição, estatísticas fabricadas que apoiam a agenda política dos titulares ou alegações de fraude eleitoral para desacreditar os resultados eleitorais. Ele está a manipular directamente os eleitores por meio de comunicação enganosa. Os políticos também podem manipular os eleitores indirectamente, arquitectando situações favoráveis, obstruindo selectivamente para impedir que as propostas dos oponentes avancem ou estabelecendo regras de votação que garantam um resultado favorável.


A manipulação muitas vezes ignora propositadamente a deliberação consciente, embora reconheça que grande parte do comportamento humano não envolve, em primeiro lugar, deliberação consciente. A manipulação tem um elemento oculto, ao mesmo tempo que reconhece que a própria influência manipulativa pode ser evidente. Podemos ser influenciados por razões erradas ou impulsos irracionais sem sermos manipulados. Poderemos agir de uma forma deliberadamente fundamentada e, no entanto, sermos manipulados – se nos tiverem mentido, por exemplo.


A manipulação, como forma de pressão positiva ou negativa que não chega ao nível de coerção, inclui chantagem emocional, importunação, lisonja e “ofensiva de charme”. O manipulador enganoso aproveita os preconceitos cognitivos para influenciar a decisão do alvo. O manipulador de pressão tira vantagem de tendências acráticas (o acrático típico é aquele que delibera e decide correctamente, mas depois o seu sentimento fá-lo abandonar o resultado da sua deliberação), como a propensão de sobrevalorizar custos e benefícios óbvios de curto prazo em detrimento de custos e benefícios menos óbvios de longo prazo. Em todo o caso, o manipulador pretende que o alvo fique abaixo de certas normas que deveriam governar a formação de crenças, desejos ou emoções de alguém.

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