O primeiro grande teórico do liberalismo
- Ana Branco

- 28 de ago.
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John Locke (29 de Agosto de 1632 - 28 de Outubro de 1704) foi um filósofo inglês que se destacou em diversos campos, sobretudo na epistemologia ou teoria do conhecimento, na política, na educação e na medicina. Os seus principais contributos levaram-no a ser considerado o fundador do empirismo moderno e o primeiro grande teórico do liberalismo.
John Locke, o filósofo que sistematizou o empirismo, sustentava que uma criança "é cera, para ser formada e moldada como se queira, uma tábua rasa", visto que "não há nada no entendimento que não estivesse previamente nos sentidos", opondo-se assim à doutrina cartesiana das ideias inatas. A mente humana, ao nascer, é como uma folha de papel em branco, sem qualquer ideia de Deus ou de qualquer outra coisa. A base do conhecimento são as ideias simples provenientes da experiência sensorial, enquanto as ideias complexas não são mais do que fusões e combinações das anteriores. Rejeitou as visões metafísicas, afirmando que não podemos saber nada com certeza sobre a natureza essencial das coisas ou o propósito do universo.
O pensador político é aclamado como o pai do liberalismo por sustentar que todo o governo surge de um pacto ou contrato revogável entre indivíduos, com o propósito de proteger a vida, a liberdade e a propriedade dos indivíduos, tendo os signatários o direito de retirar a sua confiança no governante e de se rebelar quando este não cumpre o seu papel. Recorde-se que o liberalismo surgiu como consequência da luta da burguesia contra a nobreza e a Igreja, procurando obter o controlo político do Estado e ultrapassar os obstáculos que a ordem jurídica feudal representava para o livre desenvolvimento da economia. Este foi um processo que durou séculos, afirmando a liberdade individual e defendendo a limitação dos poderes do Estado.
A influência de Locke foi também significativa no campo da pedagogia. Acreditava que, se as ideias fossem adquiridas unicamente pela experiência, a educação só poderia dar frutos quando o educador reproduzisse perante os alunos a sequência de impressões e ideias necessárias à formação adequada do carácter e da mente. A educação, segundo Locke, deveria estimular o desenvolvimento natural do aluno: era importante fortalecer a sua vontade e, para isso, a saúde e a força física deveriam ser promovidas com uma alimentação adequada e com exercício. A autonomia pessoal, a actividade, a diligência e a probidade deviam ser alcançadas e, acima de tudo, era necessário empenhar-se em formar membros úteis para a comunidade.
O estilo de Locke, em contraste, por exemplo, com a eloquência barroca de Hobbes, tem sido considerado claro, conciso e simples; parcimonioso, racional e pleno de bom senso; os seus argumentos são simples, sóbrios, equilibrados, realistas e moderados. Numa carta ao seu pai, pouco antes da Restauração de 1660, Locke afirmou que "poucos homens hoje têm o privilégio de ser sóbrios".


















