O sol e a sombra das citações

As frases, e excertos estão sempre inseridos num determinado contexto. Kaplan foi o editor da 15ª edição da “Bartlett's Familiar Quotations”, uma obra americana de referência, que é a colecção de citações mais duradoura e amplamente distribuída. É muito provável que as palavras do autor sejam uma reflexão sobre o seu trabalho no livro.

As redes sociais estão inundadas de citações. Devido ao número de gostos e partilhas recebidas, tornou-se uma forma de popularizar páginas, marcas e pessoas. Também há quem partilhe como seu o que é de outrem e quem não confirme a autoria das citações. Quem as use como vingança pessoal ou como aviso indirecto a alguém que não as lê, acabando por atingir a sensibilidade ou a culpa inconsciente de quem lê.

As citações são uma ferramenta de recuperação de informação, de recurso e de justificação de argumentos. Ou seja, ”dispositivos retóricos extremamente eficazes”. Posso usar a “autoridade emprestada” de Kaplan para reflectir em como a partilha de citações contribuiu para revelar e dar a conhecer autores e ser uma forma de conseguir apoio ou popularidade “com autoridade emprestada ou roubada”. Por outro lado, ao copiar as palavras do autor de um site literário, recuperei informação que usei como ferramenta de recurso e de justificação de argumentos.

A citação exerce a função de argumento de autoridade enquanto elemento de persuasão e há muito tempo que se recorre à sua função persuasiva para justificar as oratórias proferidas. Nem sempre é bom, nem sempre é mau. Pessoalmente, uso as citações essencialmente para reflexão.