Sobreviver na tribo
- Ana Branco

- 26 de jun. de 2024
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Por motivos aleatórios, um grupo de prefeitos desconhecidos decide unir-se. Vivem o agora. São os novos melhores amigos, a família momentânea. De imediato formam grupos. Unidos, separam-se. Afinidades que aproximam. Interesses pessoais que se sobrepõem. Destacam-se personalidades. Beleza, força, arrogância, empatia. Impõem-se líderes. Ditadores de opiniões e estratégias. Amigos na harmonia. Intimidadores na contrariedade. Afastam os fracos, os feios, os idosos e os débeis. Os diferentes e os discordantes da maioria unida pelo medo. Medo da exclusão. Medo da perda. Medo da solidão. Sobrevivência dependente da união.
Há muito que a tendência humana de formar grupos é objecto de estudo. As suas dinâmicas e consequências para a sociedade. Não é novidade. Assistimos de camarote na primeira fila. Na família, na escola, no trabalho, no grupo de amigos e nas relações sociais diárias. Destaca-se na globalização… potências, países desenvolvidos e países em desenvolvimento, países ricos e países pobres. Países com latitude e longitude… do ocidente, do leste, do norte, do sul, do oriente… Estamos condenados à sobrevivência tribal, por eliminação ou imposição?
É lamentável, escrevo eu, que o tempo e recursos usados no desenvolvimento da inteligência artificial não sejam igualmente usados no desenvolvimento da inteligência humana. O fogo da sobrevivência é agora ateado pelo que nos salva de pensar.



















