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Um dos filósofos emblemáticos dos finais século XIX

  • Foto do escritor: Ana Branco
    Ana Branco
  • 15 de out.
  • 2 min de leitura
Além do Bem e do Mal

«O amor pela verdade que nos conduzirá a muitas perigosas aventuras, essa famosíssima veracidade de que todos os filósofos sempre falaram respeitosamente — quantos problemas já nos colocou! E problemas singulares, malignos, ambíguos! Apesar da velhice da estória, parece que acaba de acontecer. Se acabássemos, por esgotamento, sendo desconfiados e impacientes, que haveria de estranho? É estranhável que essa esfinge nos tenha levado a nos formular toda uma série de perguntas? Quem afinal vem aqui interrogar-nos? Que parte de nós tende "para a verdade?" Detivemo-nos ante o problema da origem dessa vontade, para ficar em suspenso diante de outro problema ainda mais importante? Interrogamo-nos sobre o valor dessa vontade. Pode ser que desejamos a verdade, mas por que afastar o não verdadeiro ou a incerteza e até a ignorância? Foi a problema da validade do verdadeiro que se colocou frente a nós ou fomos nós que o procuramos? Quem é Édipo aqui? e quem é a Esfinge? Encontramo-nos frente a uma encruzilhada de questões e problemas. E parece, afinal de contas, que não foram colocados até agora, que fomos os primeiros a percebê-los, que nos atrevemos a confrontá-los, já que implicam um risco, talvez a maior dos riscos.»


Friedrich Nietzsche nasceu a 15 de Outubro de 1844. Em “Além do Bem e do Mal” (1886), a sua obra-prima, afirmava que desde que existem homens também existem rebanhos de homens: clãs, comunidades, tribos, povos, Estados, Igrejas. A moral sempre existiu para a autoconservação da sociedade e, assim, imoral é tudo que é perigoso para ela. A moral surge do temor com relação a tudo que foge à igualdade e à nivelação.


Nietzsche pregava a necessidade de novos filósofos, espíritos fortes e originais o bastante para tresvalorar, inverter valores eternos. A filosofia, a partir dele, deveria abandonar a busca da verdade pela interpretação e avaliação. O filósofo do futuro deveria ser, ao mesmo tempo, um artista e um legislador, alguém capaz de criticar todos os valores. Neste livro, dividia a moral numa moral de escravos e numa moral de senhores. A moral de escravos deve ser combatida porque é, antes de tudo, moral utilitária. É ela que justifica sob o disfarce de humanitarismo e igualdade política as espécies mais desumanas de dominação. O instinto gregário da obediência é o maior aliado da sociedade que se orgulha de igualitarismo. Nietzsche sabia que a afirmação de uma moral natural é, mesmo inconscientemente, uma apologia da barbárie.


Diante de um mundo fundado na moral utilitária, Nietzsche enaltecia o homem criador dos seus próprios valores. Não era um apologista da criminalidade como queriam afirmar os nazistas e ainda o fazem os ‘terribles simplificateurs’. O homem que cria os seus próprios valores é mais perigoso do que o criminoso, o qual com frequência não está a altura dos seus actos. Nietzsche também criticou o que denominou ‘la religion de la souffrance’, a religião dos niilistas, aqueles seres marcados por um auto desprezo interior que os leva a exigir compaixão como meio para tentar depositar o fardo de si mesmo nos outros:


«Em quase toda a Europa de hoje há uma doentia sensibilidade e susceptibilidade para a dor, assim como um irritante destempero no lamento, um embrandecimento que se adorna de religião e trastes filosóficos para parecer coisa elevada - há um verdadeiro culto do sofrer.»

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